quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Holocausto Brasileiro

Comprei esse livro já faz um tempão e ele nem é muito extenso mas mesmo assim levei tempo para terminar , enquanto eu lia ele eu também li o Quinta Avenida e o Carpinejar  e fiz isso porque o livro é muito perturbador.
Como historiador assim que vi ele na Veja já me deu vontade de comprar e descobrir o que esse titulo tão forte tinha ... e devo dizer que me surpreendi . O livro a cada capítulo tem o poder de te transportar por de traz dos muros do " Colônia " .
A autora soube escrever seu livro com base em pesquisas e entrevistas bem minuciosas e mesmo assim fez um trabalho muito bom em deixar o livro com cara de ficção ... mesmo não sendo infelizmente.
Asco seria a palavra perfeita para descrever o que se passa na cabeça enquanto eu lia , e não tem como você não imaginar que poderia ser um parente seu ali dentro ou até mesmo você.






No livro a autora Daniela Arbex que é jornalista mostra como mais de 60 mil mortes aconteceram dentro do hospício Colônia em Barbacena Minas Gerais. Na sua maioria não apresentavam nenhum diagnostico de distúrbios mentais . Eram homossexuais , prostitutas , empregadas violentadas pelos patrões , esposas cujo marido queria viver com a amante , filhas rebeldes , pessoas tímidas ou qualquer um que  apresentasse alguma distorção para a sociedade , para ser internado bastava um atestado médico. 

A cada pagina um nó na garganta e uma pergunta : como a sociedade aceitava esse tipo de coisa ? ou pior aceita . Existem ainda no Brasil vários locais que ainda tem pacientes vivendo em condições subumanas.
Em uma parte do livro a autora apresenta parte de um artigo que após denúncia do Colônia o Ferreira Gullar questiona o médico  por ele não saber exatamente o que é ter um filho nessas condições e que vive em casa colocando em risco sua vida e de seus familiares.
Em resposta o médico disse :  Nunca eu vi um paciente sair curado de um lugar desses e sim um agravamento dos seus distúrbios.
O que nós faz pensar não é acabar com esses lugares que tratam ou deveriam tratar as pessoas com distúrbios mas a maneira que são tratadas ... como vemos no livro é impossível alguém entrar nesse lugar e sair melhor  o que tem que existir é uma politica que trate os pacientes de maneira que eles possam ser inseridos na sociedade ( na maioria dos casos) , mas acredito que estamos longe disso , é mais fácil dopar e jogar em um quarto.
Não sei o que é ter um parente nessas condições mas conheço amigas que sim e sei que não é fácil , mas nunca conseguiria dormir em paz sabendo que um dos meus estaria vivendo ou melhor sobrevivendo no Colônia. 
  Para quem se interessar o livro é muito profundo nessas questões e tem as imagens do local , na internet tem varias também.  No youtube tem o documentário sobre o Colônia  ( bem triste ) , e encontrei esse outro vídeo com a autora muito bom para entender o livro :







Existe na cidade o Museu da Loucura após o fechamento do local ( os pacientes que sobreviveram foram transferidos para residências terapêuticas que são locais que destinam a cuidar desses casos com apoio do governo e com pessoas qualificadas ) para manter viva a memória desse triste episódio.


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